Os recentes ataques do grupo extremista islâmico Hamas desencadearam um capítulo sombrio no conflito entre esse grupo e Israel, gerando debates sobre a designação do Hamas como organização terrorista. Enquanto alguns países e mídias globais rotulam o grupo como terrorista, o Brasil segue uma abordagem mais neutra, refletindo uma questão global sobre como classificar o Hamas.
O Itamaraty emitiu um comunicado reiterando sua posição, que é alinhar-se com as avaliações do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) na classificação de grupos como terroristas.
A Carta da ONU atribui ao Conselho de Segurança a responsabilidade de manter a paz internacional e alimentar as listas de indivíduos e entidades terroristas sujeitas a sanções.
Enquanto o Estado Islâmico e a Al-Qaeda são unanimemente reconhecidos como organizações terroristas, a classificação do Hamas varia em todo o mundo.
Países como Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Austrália, Japão e muitos países europeus classificam o Hamas como organização terrorista.
Contudo, a maioria dos países-membros da ONU, incluindo Noruega, Suíça, China, Rússia, várias nações latino-americanas e, notavelmente, o Brasil, aderem à posição atual da Organização das Nações Unidas, que não rotula o Hamas como grupo terrorista.
Isso muitas vezes é visto como uma forma de manter a neutralidade e a capacidade de agir como mediadores em conflitos internacionais e proteger seus cidadãos em zonas de conflito.
A nota do Itamaraty também enfatiza o repúdio do Brasil ao terrorismo em todas as suas formas, alinhado com os princípios das relações internacionais estabelecidos em sua Constituição.
O país acredita que essa abordagem, em conformidade com a Carta da ONU, permite que o Brasil contribua para a resolução pacífica de conflitos e proteja seus cidadãos em áreas de conflito, ampliando sua capacidade de atuação internacional.
O Hamas: origens e conflito
O Hamas, cujo nome significa Movimento de Resistência Islâmica, é uma organização Palestina com componentes filantrópicos, políticos e armados.
Foi fundado em 1987 durante a Primeira Intifada, uma das revoltas palestinas contra a ocupação de Israel.
Em 2006, o Hamas venceu as eleições legislativas para a Autoridade Nacional Palestina (ANP), o que lhe conferiu o direito de formar o governo, porém, o Hamas e o Fatah, outro partido palestino, entraram em conflito, resultando na expulsão do Fatah da Faixa de Gaza pelo Hamas, levando ao estabelecimento de duas administrações políticas distintas na Cisjordânia e na Faixa de Gaza.
O Hamas não reconhece o Estado de Israel e luta pela independência de um Estado Palestino. Israel, por sua vez, alega que o território é seu e não pode oferecer soberania a um Estado Palestino devido a preocupações com a segurança.
A situação atual em Israel e na Palestina continua a ser um tema de debate e conflito global, e a classificação do Hamas é apenas uma faceta importante e complexa de um conflito profundamente enraizado.
A posição do Brasil como país neutro reflete sua abordagem em relação a essa questão em evolução.